P. Luís Providência, sj
Vozes
Luís Santos
Inês Almeida
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Hoje é dia seis de dezembro, quarta-feira da primeira semana do Advento.
As narrativas bíblicas traçam um fio de luz,
uma esperança constante no seio da história.
Os seus profetas e poetas prometem uma salvação,
e dos seus lábios nasce a súplica e o louvor.
Neste tempo de advento, permite que a frágil luz da oração
te abra os sentidos e o coração para a presença de Deus
nos ritmos e horas dos teus dias.
E começa assim a tua oração.
Escuta esta passagem do Evangelho segundo São Mateus.
Ev Mt 15, 29-37
Jesus foi para junto do mar da Galileia e, subindo ao monte, sentou-se.
Veio ter com Ele uma grande multidão,
trazendo coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros,
que lançavam a seus pés.
Ele curou-os, de modo que a multidão ficou admirada ao ver os mudos a falar,
os aleijados a ficar sãos, os coxos a andar e os cegos a ver;
e todos davam glória ao Deus de Israel.
Então Jesus, chamando a si os discípulos, disse-lhes:
«Tenho pena desta multidão,
porque há três dias que estão comigo e não têm que comer.
Mas não quero despedi-los em jejum,
pois receio que desfaleçam no caminho».
Disseram-lhe os discípulos:
«Onde iremos buscar, num deserto,
pães suficientes para saciar tão grande multidão?»
Jesus perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?»
Eles responderam-lhe: «Sete, e alguns peixes pequenos».
Jesus ordenou então às pessoas que se sentassem no chão.
Depois tomou os sete pães e os peixes
e, dando graças, partiu-os e foi-os entregando aos discípulos
e os discípulos distribuíram-nos pela multidão.
Todos comeram até ficarem saciados.
E com os pedaços que sobraram encheram sete cestos.
Imagina esta cena: o mar – o monte – a multidão. Este cenário recorda o livro do Êxodo: o mar Vermelho; o monte Sinai; e um povo reduzido à escravidão no Egito, que anseia por liberdade. Moisés é apenas uma figura do Messias. Jesus é o verdadeiro Moisés. Jesus é quem te liberta do que te oprime. É esse o significado destas curas. Na raiz do teu ser, a cura é sobretudo um processo que liberta a tua capacidade de amar.
Jesus parece levar um certo tempo a cair na conta que com um picnic para treze pessoas é impossível saciar uma grande multidão! Jesus é exasperante! Ou será que estas provocações de Jesus são intencionais?
Jesus desafia-te a uma confiança radical. Isto vai-te abrindo um horizonte de plenitude.
O que é que move Jesus a fazer gestos de cura ou a fazer-se Ele próprio banquete que sacia a multidão? Escuta novamente o Evangelho, com o coração.
Considera os sentimentos do Coração de Jesus, onde há lugar para todos. Pede ao Senhor que vá curando progressivamente a tua capacidade de amar. Que este Advento te disponhas realmente a acolher no teu coração este Menino, Príncipe da Paz, que quer reinar no universo – que quer reinar na tua vida!
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.