P. António Sant'Ana, sj
Vozes
Armanda Martins
João Chaves
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Hoje é dia sete de março, quinta-feira da terceira semana da Quaresma.
É natural sentires, por vezes, a oração
como uma dificuldade, quase uma violência.
Muitos autores, ao longo da tradição cristã,
falaram da oração como um difícil combate contra a inércia,
a monotonia e a tristeza que nos invadem.
E no próprio Evangelho encontramos parábolas de Jesus
nas quais se fala do Reino como uma luta árdua.
Agradece ao Senhor este esforço,
eleva-lhe a tua prece e o teu louvor;
e que a tua oração seja a abertura do círculo,
o respiro da paz.
Escuta esta passagem do Evangelho segundo São Lucas.
Lc 11, 14-23
Jesus estava a expulsar um demónio que era mudo.
Logo que o demónio saiu, o mudo falou
e a multidão ficou admirada.
Mas alguns dos presentes disseram:
«É por Belzebu, príncipe dos demónios,
que Ele expulsa os demónios».
Outros, para o experimentarem, pediam-lhe um sinal do céu.
Mas Jesus, que conhecia os seus pensamentos, disse:
«Todo o reino dividido contra si mesmo, acaba em ruínas
e cairá casa sobre casa.
Se Satanás está dividido contra si mesmo,
como subsistirá o seu reino?
Vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios.
Ora, se Eu expulso os demónios por Belzebu,
por quem os expulsam os vossos discípulos?
Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
Mas se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus,
então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós.
Quando um homem forte e bem armado guarda o seu palácio,
os seus bens estão em segurança.
Mas se aparece um mais forte do que ele e o vence,
tira-lhe as armas em que confiava
e distribui os seus despojos.
Quem não está comigo está contra mim
e quem não junta comigo dispersa».
Jesus expulsa um demónio mudo. Quer isto dizer que havia alguém que não se conseguia exprimir, falar com clareza e entendimento. Quando temos um problema, nem sempre conseguimos verbalizar o que sentimos.
Pensa como, na oração, Deus é capaz de compreender o que até nem consegues exprimir por palavras.
A expulsão do demónio mudo provoca duas reações. De um lado está a multidão admirada, com um olhar maravilhado com os milagres de Jesus. Do outro estão os incrédulos, que olham com desconfiança as boas intenções de Jesus.
Como está o teu olhar de fé nesta Quaresma? Purificado ou incrédulo?
Repara na coerência dos gestos de Jesus. Unem em vez de dividir, constroem em vez de destruir. É na coerência que está a força da vida de Jesus.
Santo Inácio de Loiola, nas suas regras de discernimento, diz que o tentador engana quando descuramos o nosso lado mais fraco. Segue a mensagem de Jesus quando diz que, na vida cristã, é necessário vigilância e prevenção.
Nesta Quaresma, está atento ao teu lado mais vulnerável.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.