P. Luís Maria da Providência, sj
Vozes
João Chaves
Carolina van Halderen
«Alex McCartney: Elizabeth's Lutes» © Direitos de autor reservados Appe ID (iTunes)
Hoje é dia vinte e dois de março, sábado da segunda semana da Quaresma.
Deus tem uma mensagem para ti, à espera de ser escutada – mas só conseguirás percebê-la, escutando com o coração.
Deixa-te ficar, por momentos, em atitude de quem ouve, desejando escutar… e começa assim a tua oração.
Escuta esta passagem do Evangelho segundo São Lucas.
Lc 15, 11-20
«Certo homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao pai:
‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’.
O pai repartiu os bens pelos filhos.
Alguns dias depois, o filho mais novo,
juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante
e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta.
Tendo gasto tudo,
houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações.
Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra,
que o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam,
mas ninguém lhas dava.
Então, caindo em si, disse:
‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância
e eu aqui a morrer de fome!
Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe:
Pai, pequei contra o Céu e contra ti.
Já não mereço ser chamado teu filho,
mas trata-me como um dos teus trabalhadores’.
Pôs-se a caminho e foi ter com o pai.
Ainda ele estava longe, quando o pai o viu:
encheu-se de compaixão
e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos.
A parábola do filho pródigo. Mais corretamente, a parábola do pai pródigo, que esbanja na forma como ama. Um pai que tem dois filhos: o mais novo deles reivindica os seus direitos e abandona de vez o pai. Está convencido que assim é plenamente livre. Em contrapartida, o filho mais velho comporta-se de forma exemplar e ordeira. Identifica-te com o filho mais novo.
O filho mais novo em queda livre. Delapidou o património que recebeu do pai. E continuou a descer sempre mais fundo, em termos de miséria, opressão e escravidão. Caiu na mais completa degradação. A ponto de invejar os próprios porcos. Deste modo despersonalizou-se e perdeu a sua verdadeira identidade.
O filho regressa a casa – mas, muito mais ainda, o Pai corre ao seu encontro! Escuta de novo o Evangelho e, apanhado de surpresa, deixa-te abraçar!
Pede a graça da conversão. De não seres tão reivindicativo, cioso dos teus direitos. Pede a graça de te libertares da lógica interesseira e consumista. Considera com gratidão a forma como Deus te tem cumulado de graças, ao longo da tua existência. Vive do abraço com o Pai, pelo Filho, no Espírito Santo.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.