D. José Cordeiro
Vozes
Tânia Ribas de Oliveira
Júlio Isidro
«Henryk Górecki - Symphony No. 3 (2016)» © Direitos de autor reservados Appe ID (iTunes)
Hoje é dia 18 de abril, Sexta-Feira Santa da Paixão do Senhor.
Prepara o teu coração para viveres a Paixão do Senhor. Faz silêncio interior, procurando dar lugar em ti ao drama que se desenrola diante de ti. O Filho de Deus é julgado indigno de ser contado entre os filhos dos homens e é assassinado pelos seus inimigos: em nome da paz, em nome de Deus. Contempla… e começa a tua oração.
Escuta algumas passagens da Paixão do Senhor, segundo o Evangelho de São João.
Jo 19, 25-27; Jo 19, 28-30; Jo 19, 31-37
Estavam junto à cruz de Jesus
sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predileto,
Jesus disse a sua Mãe:
«Mulher, eis o teu filho».
Depois disse ao discípulo:
«Eis a tua Mãe».
E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.
Maria participou de pé neste momento crucial da nossa história da salvação. Nos Evangelhos são seis as vezes em que Maria fala, sempre em poucas palavras, excetuando o cântico do Magnificat. Alguns autores dizem até que falou por setes vezes, sendo a sétima palavra aquela junto à cruz, a mais eloquente, porque brotou do silêncio.
Depois, sabendo que tudo estava consumado
e para que se cumprisse a Escritura,
Jesus disse:
«Tenho sede».
Estava ali um vaso cheio de vinagre.
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre
e levaram-lha à boca.
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:
«Tudo está consumado».
E, inclinando a cabeça, expirou.
Hoje contemplamos «Cristo, nossa Páscoa, que foi imolado» e adoramos a cruz. Não participamos em nenhum funeral nem dramatizamos a dor e o sofrimento, mas no silêncio do mistério da cruz, celebramos a glória do amor, como rezamos neste dia: «Adoramos, Senhor, a vossa Cruz, louvamos e glorificamos a vossa ressurreição: pela árvore da Cruz veio a alegria ao mundo inteiro».
Por ser a Preparação,
e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado,
– era um grande dia aquele sábado –
os judeus pediram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro,
depois ao outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-o já morto,
não lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados trespassou-lhe o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho,
e o seu testemunho é verdadeiro.
Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz:
«Nenhum osso lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura:
«Hão de olhar para Aquele que trespassaram».
Não basta entender a cruz, é preciso partilhá-la. Também não é necessária outra cruz, mas a mesma cruz de Jesus. Por isso, a Igreja, ao longo dos séculos, soube adaptar esta cruz e continua a fazê-lo. Servir Jesus nas pessoas, amando-as.
Jesus, quanta violência doméstica! Quantos maus-tratos a crianças e a idosos! Quantos jovens à busca de emprego e de felicidade! Quanta pobreza envergonhada! Quantos insultos e intrigas! Quantos especialistas da maledicência! Quanta necessidade material e espiritual! Quantas pessoas e famílias feridas! Quantos lutos mal vividos! Quantos perdas de relação e amizade mal curadas! Quanta angústia sentida!
Senhor Jesus, às vezes, com o medo de sofrer, não amamos.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.