«Cimarosa on Guitar» © Direitos de autor reservados a Magnatune
Hoje é dia quinze de abril, Sexta-Feira Santa da Paixão do Senhor.
Nesta santíssima sexta-feira, o Senhor da criação é conduzido a Pilatos.
O Criador de todas as coisas é entregue à Cruz
como um cordeiro que Se deixa conduzir.
É trespassado com cravos.
O seu Lado é aberto com uma lança.
Aquele que fez chover o maná, bebe vinagre.
O Libertador do mundo é esbofeteado.
O Artesão de todas as coisas é tratado com desprezo pelos seus próprios servos.
Aquele que é crucificado intercede pelos seus malfeitores, dizendo:
«Pai, perdoa-lhes este pecado, porque não sabem a injustiça que cometem.»
Livremente entregue à morte, abandonado por todos,
o Senhor Compassivo abre aos homens o Paraíso.
Ao inclinar a cabeça, entrega o seu Espírito nas mãos do Pai, cumprindo a sua vontade até ao fim.
Aproxima-te da Cruz do Senhor, que se entregou por ti.
E começa assim a tua oração.
Escuta esta passagem do evangelho segundo São Lucas
Lc 23, 33-43
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário,
crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
Jesus dizia:
«Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.»
Depois deitaram sortes, para repartirem entre si as vestes de Jesus.
O povo permanecia ali a observar.
Por sua vez os chefes zombavam e diziam:
«Salvou os outros:
salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito.»
Também os soldados troçavam d’Ele;
aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam:
«Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo.»
Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este é o Rei dos judeus.»
Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo:
«Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também.»
Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o:
«Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício?
Quanto a nós, fez-se justiça,
pois recebemos o castigo das nossas más ações.
Mas Ele nada praticou de condenável.»
E acrescentou:
«Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com a tua realeza.»
Jesus respondeu-lhe:
«Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso.»
Entra no teu coração e faz destas palavras a tua oração:
Ó Servo, que sofreste pelo meu pecado,
Tu, a Palavra feita Carne, não falaste.
Tu, que abalas a terra, não gritaste,
não confundiste aquele que Te entregava aos tormentos da morte.
Quando Te prenderam não resististe;
esbofetearam-Te e não Te indignaste;
açoitaram-Te e não estremeceste;
injuriaram-Te e não alteraste o Rosto.
Com magnanimidade recebeste a Cruz;
com mansidão a colocaste sobre os ombros e com paciência a levantaste; como se fosses culpado, levaste o madeiro das dores.
Estenderam-Te sobre o altar da Cruz como uma vítima;
a ela Te pregaram como se fosses um malfeitor,
ataram-Te as mãos e os pés como a um rebelde,
a Ti que és a Paz celeste, como se fosses um bandido.
O coro dos Apóstolos foge.
Lázaro, a quem deste a vida, não está junto a Ti.
O cego não chorou Aquele que lhe tinha aberto os olhos.
Só um bandido crucificado ao teu lado Te confessa
e Te chama Rei.
Escuta as palavras de São Cirilo de Jerusalém, Padre da Igreja.
Que poder te iluminou, ó ladrão?
Quem te ensinou a adorar o ser desprezado e crucificado contigo?
Ó Luz que iluminas os que estão nas trevas!
A justo título mereceu ele ouvir:
«Toma coragem,
não porque as tuas obras sejam capazes de te encorajar,
mas porque eis aqui o Rei que te favorece.»
O pedido admitia uma longa espera, mas a graça foi muito rápida.
‘Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso, porque hoje ouviste a minha voz e não endureceste o coração’. (…)
Não te digo: ‘hoje vais partir’, mas: ‘hoje estarás comigo’.
Tem confiança, não serás rejeitado.
Não temas a espada de fogo: o seu Amo a intimida.»
Ó graça imensa e inexprimível: Abraão, o fiel por excelência,
ainda não entrou no paraíso, e o ladrão entra.
Diante de ti, Paulo maravilhado disse:
«Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça.»
Hoje, a multidão dos homens solta gritos dizendo: “Crucifica o Misericordioso!” Mas tu, de forma serena e confiante, vai até Jesus e repete, quantas vezes forem necessárias, a Palavra do ladrão: “Senhor, lembra-Te de mim quando entrares no teu Reino.”
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.